Novos modos de ser e a lógica do consumo: algumas pistas sobre a atuação da Médicos Sem Fronteiras no Facebook
DOI:
https://doi.org/10.53660/CONJ-831-F11Palavras-chave:
Médicos Sem Fronteiras, Modos de Ser, Kits de Subjetividade, Consumo, PsicossociologiaResumo
O cenário contemporâneo a partir da Sociedade de Controle vem demonstrando que diferentes corporações precisam se adaptar, criando estratégias para se adequarem às lógicas de consumo. O artigo investiga se as ações de comunicação adotadas pela organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) para captar recursos financeiros, podem promover novos “modos de ser” em seguidores do seu Facebook. Sob o olhar da Psicossociologia, de forma interdisciplinar à Comunicação, será apresentado um desdobramento sobre a temática do consumo, por meio dos conceitos da Sociedade de Controle (Gilles Deleuze), dos Modos de Ser (Paula Sibilia) e dos Kits de Subjetividade (Suely Rolnik), analisando comentários em postagens no Facebook da MSF. A metodologia reflete um estudo qualitativo com aspectos quantitativos, de caráter exploratório, baseado na fundamentação teórica, complementada pela análise de conteúdo proposta por Bardin. Os resultados demonstram que as práticas de comunicação da MSF, também operam por meio da produção de diferentes modos de ser baseados em kits de subjetividade voltados ao reconhecimento, ligados à solidariedade, revelando sujeitos e corporações atravessados por novas ações de consumo.
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