Paisagens de modernidade branca: uma análise sócio-histórica da segregação de classe e raça no urbanismo de Fortaleza

Autores

  • Antônio Fábio Macedo de Sousa Universidade Federal do Ceará
  • Preciliana Barreto de Morais Universidade Estadual do Ceará
  • Rosendo Freitas de Amorim Secretaria Estadual de Educação do Ceará
  • Bruna Maria Costa Gomes Universidade Estadual do Ceará
  • Luany de Queiroz Silva Universidade Estadual do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.53660/CONJ-2186-2W87

Palavras-chave:

Modernidade Branca, Segregação, Raça, Classe, Branquitude

Resumo

Raça, classe e cidade estão historicamente interconectadas e configuram-se em um sistema de privilégios presentes nas origens e desdobramentos da modernidade urbana capitalista (BONNETT, 2002). Partindo desta perspectiva, temos como objetivo analisar os efeitos sociais produzidos pela incorporação de uma “modernidade branca” em Fortaleza, no Nordeste do Brasil. A partir da construção de uma abordagem sócio-histórica e etnográfica, observamos como o tradicional e rico bairro Aldeota foi sendo apropriado como local de poder e consumo pelas elites. Um espaço de privilégios de classe e raça de modo a atender os interesses materiais e simbólicos de uma “branquitude” local (RAMOS-ZAYAS, 2020). Desse modo, observamos as principais representações sobre a história de urbanização deste território e o seu processo de “enobrecimento” mediante o reforço constante de investimentos que fizeram do bairro uma paisagem da segregação racial moderna e dos privilégios de classe na cidade.

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Publicado

2022-12-28

Como Citar

Sousa, A. F. M. de, Morais, P. B. de, Amorim , R. F. de ., Gomes, . B. M. C., & Silva, . L. de Q. (2022). Paisagens de modernidade branca: uma análise sócio-histórica da segregação de classe e raça no urbanismo de Fortaleza. Conjecturas, 22(17), 1032–1048. https://doi.org/10.53660/CONJ-2186-2W87