A biopolítica, o capitalismo de vigilância e os avanços do direito brasileiro sobre o tema da proteção dos dados pessoais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.53660/CONJ-1616-2E65

Palavras-chave:

Biopolítica, Capitalismo de vigilância, Dados pessoais, Direito fundamental

Resumo

O controle dos corpos, pelo capitalismo, através do biopoder, é um fenômeno que vem sendo estudado há décadas, e já se desenvolveu de diversas formas. Mais recentemente, esse poder, que se dava muitas vezes por meio de prisões do corpo físico, vem se sofisticando e se invisibilizando, a fim de que possa continuar sendo exercido. É nesse movimento que se observa a utilização dos dados pessoais, num cenário de capitalismo de vigilância, a fim de se desenvolver identidades digitais, de imenso valor político e financeiro, a fim de facilitar o controle social por meio de indução de condutas, tais como criação do desejo de compra de algum produto, ou formação de uma opinião política, que venha ser compatível com os interesses daqueles que são detentores do poder, como as big techs. O direito vem se adaptando à essa nova realidade, primeiramente a partir da noção de que todos detêm um direito à privacidade, e, mais recentemente, um direito à proteção dos dados pessoais. Este artigo tem por objetivo trazer reflexões sobre o desenvolvimento da biopolítica no cenário do capitalismo de vigilância, destacando as respostas normativas que vêm sendo construídas no ordenamento jurídico brasileiro a fim de conter o avanço exponencial desse fenômeno.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Felipe Varela Caon, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Doutorando em Direito Civil pela PUC/SP. Mestre em Direito Privado pela Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, Brasil. Pós-graduado em Direito Civil e Empresarial pela Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, Brasil. Graduado em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira (2012). Atualmente é sócio do escritório Serur Advogados.

 

Referências

ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviço na era digital. São Paulo: Boitempo, 2018. E-book (364 p.) ISBN 978-85-914076-0-6.

BAUMAN, Zygmunt. Vigilância líquida. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

BEIGUELMAN, Giselle. Políticas da imagem: vigilância e resistência na dadosfera. São Paulo: Ubu Editora, 2021.

BLUM, Rita Peixoto Ferreira. O direito à privacidade e à proteção de dados. São Paulo: Almedina, 2018.

COULDRY, Nick; MEJIAS, Ulises Ali. The costs of connection: how data is colonizing human life and appropriating it for capitalism. Stanford: Stanford Unity Press, 2019.

DONEDA, Danilo. A LGPD como elemento estruturante do modelo brasileiro de proteção de dados. in In: MENDES, Laura; DONEDA, Danilo; CUEVA, Ricardo Villas Bôas. Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018): a caminho da efetividade. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.

DONEDA, Danilo. Da privacidade à proteção de dados pessoais. 2 ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: a vontade de saber. Tradução: Maria Thereza da Costa Albuquerque e J.A. Guilhon Albuquerque. 10. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2020.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução: Raquel Ramalhete. 5 Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

GALLINDO, Sérgio Paulo Gomes. Economia intensiva em dados, virtudes da LGPD e primeiros desafios quanto à efetividade. In: DONEDA, Danilo; MENDES, Laura Schertel; CUEVA; Ricardo Villas Bôas (coord.). Lei Geral de Proteção de Dados (lei 13.709/18): a caminho da efetividade: contribuições para a implementação da LGPD. São Paulo: Thomson Reuters Brasil. 2020.

HAN, Byung-Chul. Psicopolítica: o neoliberalismo e as novas técnicas de poder. Tradução: Maurício Liesen. 10. ed. Belo Horizonte: Âyiné, 2020.

HAN, Byung-Chul. Sociedade da transparência. Tradução: Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Editora Vozes, 2017.

MAGRANI, Eduardo. Entre dados e robôs: ética e privacidade na era da hiperconectividade. Porto Alegre: Arquipélago, 2019.

MATOS, Andityas Soares de Moura; COLLADO, Francis Garcia. Para além da biopolítica. [s.l.]: Sobinfluência Edições, 2022.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Tradução: Renata Santini. São Paulo: n-1 edições, 2018.

MENDES, Laura Schertel. Autodeterminação informacional: origem e desenvolvimento conceitual na jurisprudência da corte constitucional alemã. In: VILLAS BÔAS CUEVA, Ricardo, DONEDA, Danilo, MENDES, Laura Schertel (Org.). Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018) - A caminho da efetividade: contribuições para a implementação da LGPD. São Paulo: Thomson Reuters, 2020.

MURPHY, Andrea et al. Global 2000 how the world's biggest public companies endured the pandemic. 13 mai. 2021. Forbes, 13. mai. 2021. Disponível em: https://www.forbes.com/global2000/#5d383189335d. Acesso em: 18 abr. 2021.

MONAHAN, Torin. Surveillance in the Time of Insecurity. New Brunswick: Rutgers University Press, 2010.

PRATA, Ana. A tutela constitucional da autonomia privada. Coimbra: Almedina, 2016.

PRECIADO, Paul B. Um apartamento em urano: crônica da travessia. Tradução: Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Schwarcz, 2020.

PRECIADO, Paul B. Testo junkie. Tradução: Maria Paula Gurgel Ribeiro. São Paulo: n-1 edições, 2018.

RODOTÀ, Stefano. O direito à verdade. Civilistica.com, a. 2. n. 3. 14 out. 2013, p. 1-22. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4414129/mod_folder/content/0/RODOT%C3%81.%20Direito%20%C3%A0%20verdade.%20civilistica.com.pdf?forcedownload=1. Acesso em: 21 abr. 2021.

SARLET, Gabrielle Bezerra Sales. Notas sobre a proteção dos dados pessoais na sociedade informacional na perspectiva do atual sistema normativo brasileiro. In: PEREIRA, Cíntia Rosa (Org.). Comentários à lei geral de proteção de dados: Lei n. 13.709/2018, com alteração da Lei n. 13.853/2019. São Paulo: Almedina, 2020.

SOMBRA, Thiago Luís Santos. Fundamentos da regulação da privacidade e proteção de dados pessoais: pluralismo jurídico e transparência em perspectiva. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.

SZCZEPŃSKI, Marcin. Is data the new oil? Competition issue in the digital economy. European Parliamentary Research Service. jan. 2020. Disponível em: https://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/BRIE/2020/646117/EPRS_BRI(2020)646117_EN.pdf. Acesso em: 18 abr. 2021.

TEPEDINO, Gustavo; TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. Consentimento e proteção de dados pessoais na LGPD. In: FRAZÃO, Ana; OLIVA, Milena Donato; TEPEDINO, Gustavo (coord.). Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais: e suas repercussões no Direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.

VELIZ, Carissa. Privacidade é poder: por que e como você deveria retomar o controle de seus dados. São Paulo: Contracorrente, 2021. ISBN 9786588470725.

ZUBOFF, Shoshana. A era do capitalismo de vigilância: a luta por um futuro humano na nova fronteira do poder. Tradução: George Schlesinger. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2020.

Downloads

Publicado

2022-09-21

Como Citar

Caon, F. V. . (2022). A biopolítica, o capitalismo de vigilância e os avanços do direito brasileiro sobre o tema da proteção dos dados pessoais. Conjecturas, 22(12), 1024–1038. https://doi.org/10.53660/CONJ-1616-2E65

Edição

Seção

Artigos